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terça-feira, 4 de setembro de 2012

QUEM AMA DEIXA VOAR

Rubens Rodrigues*

Olhando a profundidade que tem o convívio das águias, pude perceber quão bela é a ligação destas com o verdadeiro amor. O ato de amor de uma águia é de quando tem seus filhotes, os alimenta e aos poucos os impele a voar. Pouco a pouco, tais filhotes vão percebendo que o mundo é grande, mas não o suficiente para impor-lhes limites, que haverá tropeços e poderão cair, mas, se não ousarem, se não se dispuserem ao voo, ficarão ali, estagnados no ninho e poderão até morrer, pois depois de adultos o natural é que cada um seja responsável por si.
Agora, o que isso tem haver com o amor? Pensei bem e percebi que o amor verdadeiro é aquele que dá aos amados a verdadeira oportunidade de voar. Que, mesmo tendo sido, no decorrer da vida, alimentados pelos mais belos gestos de fraternidade, um dia cada ser chega a perceber que com suas próprias asas podem percorrer o mundo inteiro com todas as suas belezas e intempéries. Percebe-se também que aqueles muitos que não ousam voar ficam estáticos e definharam porque deixarão de ser alimentados. Percebi, então, que a atitude de quem ama de verdade é áquela da solicitude e do encorajamento.
Quem ama diz: voe, chegou a sua ver de ser livre, seja feliz! Isso tudo porque nos será interessante perceber que muito mais do que nossas, as pessoas que amamos são delas mesmas. É interessante notarmos que a cada momento nos veremos um tanto mais ou um tanto menos dispostos ao voo. Voo livre depende, sobretudo de quem voa, pois o incentivo pode até ser externo, mas a ousadia para tal tem que ser muito interior.   

              No decurso de nossas vidas percebemos tais coisas que outrora ficavam ali guardadas como se estivessem presas, às vezes, por medo ou talvez por não percebemos a sua presença. Infelizmente, nem sempre nos vemos como águias, ou seres livres dispostos a usufruir dessa liberdade; ou não estamos abertos a ela, ou nosso ato de amor nos faz perceber que devemos também ser fonte dessa liberdade. Queremos muito algo que seja nosso, que possamos dizer: “é meu”, mas engana-se quem age assim, quem pensa que tem o que não lhe pertence, mais cedo ou mais tarde se perceberá que aquilo ou aquele(a) que se pensava ser seu, voou, foi embora, procurou seu ninho, tornou-se protagonista de si, almejou ser feliz como sempre queria, foi e hoje é porque encontrou-se de verdade.

*Seminarista da diocese de Crateús-Ce e estudante do curso de Filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza.

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