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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

EU POSSO SER DA FAMÍLIA DE JESUS.


                                                                                                                                                                        Rubens Rodrigues*

A compreensão que com certeza temos a respeito de uma família é daquela constituída de uma ligação genética entre seus membros. Uma família cujo homem e a mulher, por meio do conhecimento que têm um do outro se unem em matrimônio e passam assim a constituir um só corpo e uma só carne. Quanto à família de Jesus, Ele não a limitou apenas à sua constituição genética, Ele abriu-nos a possibilidade de uma pertença familiar a Ele.

Podemos entender esses aspectos quando Jesus impelido por alguém que o evangelho não esclarece quem, O diz: “Eis que Tua mãe, Teus irmãos, e Tuas irmãs estão lá fora e Te procuram”. Jesus posteriormente questiona: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” E, repassando posteriormente o olhar sobre os que estavam com ele, disse: “Eis a minha mãe e os meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.” (Cf.: Mc 3, 31-35)

O versículo 35 dessa passagem do Evangelho de Marcos é sem sombra de dúvidas o cerne da questão que nos propomos trabalhar. Fazer a vontade de Deus é, pois, o critério base para a pertença à família de Jesus e abre-nos à mente uma pergunta, ou seja: será que fora do cristianismo há possibilidade de pertença a Família de Cristo?

Para responder tal pergunta é necessário ver que há em pessoas que professam outros credos e/ou que muitas vezes nunca ouviram falar em Jesus, que praticam muito daquilo que é ético ao cristianismo e que rege toda a sua especulação moral e que se verificam em seus mandamentos. Por exemplo: amar o próximo, defender-lhe a vida, honrar por seus direitos... Esses são pontos fundamentais de quem se diz cristão e quem os pratica está com certeza estabelecendo sua morada na casa do Pai.

A respeito da salvação a Igreja Católica passou a entender que: “...todas as pessoas que, sem culpa própria, desconhecem a Cristo e a Sua Igreja, mas buscam Deus de coração sincero e seguem a voz da própria consciência, alcançam a salvação eterna. Quem, porém, sabe que Jesus Cristo é ‘o Caminho, a Verdade e a Vida’, mas não o quer seguir, não encontrará a salvação em outros caminhos.” (Youcat, 136)

É bem verdade que essa citação refere-se à salvação, mas seria salutar compreender que, uma vez que Jesus fala: “eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida e que ninguém chega ao Pai, (se salva) senão não por mim” (Cf.: Jô 14, 6), como pode, pois, uma pessoa que nunca professou a fé em Cristo alcançar a Salvação sem que antes tenha pertencido à Sua família? Quando Cristo esclarece que não há como se chegar ao Pai sem que Ele possa ter sido a Via de entrada, a resposta já está dada! É colocada assim a necessidade de se pertencer inicialmente a Cristo como um membro de sua magna família.

Essa compreensão é muito útil para decifrarmos que não se pode particularizar a pertença a Cristo e a sua família, mas, é necessário ressaltar que se podemos fazer parte da mesma, não é por mérito nosso, antes de tudo, o próprio Jesus nos chama como fez com os seus discípulos, lembrando-se de todos em igual condição, embora alguns não O queiram por perto. (Cf.: Mt 10, 1-4)

Outra exortação de Jesus é importantíssima para revelar quem cabe à sua família, a nação que por Ele será escolhida para pertencer a Sua morada. Isso se esclarece quando Jesus fala a respeito do ultimo julgamento, no momento em que Ele faz a distinção das ovelhas como aqueles que atuam nessa vida O acolhendo na pessoa do outro e que por isso se mostram dignos do reino dos céus, mas aos que reconhece como os cabritos, que não o acolhem e nem o enxergam na pessoa dos mais pequenos, a dignidade que resta a estes é o fogo do inferno. (Cf.: Mt 25, 31-46)  

Essa exortação de Jesus é de suma importância para compreendermos de fato que não basta professar uma fé em Cristo, antes disso é necessário amá-lO e perceber que Ele se faz presente no outro, e é na constituição deste altruísmo que se vivifica a família de Jesus. Pois é este outro que dá-nos a possibilidade da contemplação de Cristo na Terra.

Deste modo percebe-se que a família de Jesus é constituída de crentes e não crentes, de pessoas que mesmo em seus diversos atos de fé ou não, manifestam um amor fraterno por àqueles que o próprio Jesus se entregou na Cruz. E talvez seja isso que esteja faltando, pode ser que estejamos envolvidos de toda a palavra e não a coloquemos na vida prática, pode ser que estejamos superlotados de conhecimento e este ainda não tenha se manifestado em ação. Eis, portanto a hora de começarmos a estabelecer-nos como irmãos de Cristo, constituintes dessa enorme família.           

* Aluno do curso de filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza e Seminarista da diocese de Crateús – Ce.

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