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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Saída para a crise está para lá da economia, diz cardeal Gianfranco Ravasi

O presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), organismo da Santa Sé, afirmou que a situação de crise econômico-financeira que se vive em vários países, incluindo Portugal, só pode ser ultrapassada com uma renovação ética.

“Temos de criar uma atmosfera que não se limite às questões econômicas nem financeiras, porque os seus problemas nasceram, em boa parte, quando se esqueceram as questões éticas, morais”, refere o cardeal Gianfranco Ravasi, em entrevista hoje publicada pelo Semanário Agência ECCLESIA.

O responsável italiano apresentava a edição portuguesa do ‘Átrio dos Gentios’, estrutura criada pelo CPC para promover o diálogo entre crentes e não crentes, que vai chegar a Guimarães e Braga nos próximos dias 16 e 17.
Segundo o cardeal Ravasi, a escolha do tema ‘O valor da vida’ visa ultrapassar as questões mais polêmicas da bioética e abordar “as grandes coordenadas, os grandes temas que muitas vezes não são abordados na sociedade contemporânea, que reduz tudo às questões imediatas”.

O presidente do CPC adianta a intenção de abordar o tema da esperança, alertando para o risco de, num tempo de crise, as pessoas se contentarem apenas com as “pequenas coisas”.

“Fazer uma intervenção forte sobre os grandes valores, é uma forma de sacudir um pouco as consciências e dizer: ‘Não se resolvem as coisas pequenas sem enfrentar as grandes’”, precisa.

O membro da Cúria Romana cita o economista e Prémio Nobel indiano Amartya Sem para afirmar que “a verdadeira economia é uma ciência humanista” e que a falta de moralidade no mundo financeiro e nos mercados gerou “miséria”.

“Acredito que voltar a oferecer ideias sobre a moral, os grandes valores, é algo precioso nesta situação”, acrescenta.

O cardeal antecipa o seu debate com neurocirurgião João Lobo Antunes sobre ‘o valor e o sentido da vida de cada ser humano', referindo a intenção de “insistir muito, usando textos bíblicos da categoria de ‘relação’ e, portanto, da categoria de ‘corporeidade’”.

“Também quero falar da categoria de “limite”, da finitude do ser humano, isto é, da grandeza e da impotência: a crise, o mal, a dor, a morte e, por outro lado, a grandeza da criatura humana na sua relação com o transcendente, com o semelhante e com a matéria”, acrescenta.

O Átrio dos Gentios nas cidades de Guimarães e Braga, respetivamente capitais europeias da cultura e da juventude no ano de 2012, vai ser inaugurado pelo ensaísta Eduardo Lourenço.

A iniciativa é organizada pelo Instituto de História e Arte Cristãs da Arquidiocese de Braga, em articulação com o CPC.

Átrio Dos Gentios já passou por várias cidades europeias depois da sua sessão inaugural em Paris, em março de 2011; aedição portuguesa vai englobar debates sobre “estilo de vida e salvaguarda do universo”, desde várias perspetivas, para além de momentos culturais, com concertos, exposições e a apresentação de uma peça de teatro.

OC

Agência Ecclesia

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